ACTIVIDADES ECONÓMICAS NO CENTRO
HISTÓRICO DE TORRES VEDRAS
(artigo de reflexão após debate realizado
pela Associação para a Defesa do Património de Torres Vedras “mais vida no
centro histórico”
Centro Histórico de Torres Vedras –
“Torres ao Centro”
“Loucura é fazer o mesmo de sempre e esperar
resultados distintos”
(AA)
Apresento a perspectiva de
um Business Coach (Treinador
Empresários) sobre o papel dos diversos agentes económicos na dinamização do
Centro Histórico de Torres Vedras.
O trabalho de treino de
empresários, permitiu-me contactar com muitas realidades e ajudar
empreendedores a arranjar estratégias para melhorarem os seus negócios. Daí ter
vários artigos publicados no meu blogue http://itaca-pensamento.blogspot.com, e outros
publicados em jornais e revistas de outros concelhos e Associações Empresarias.
Deste
modo, quero simplesmente contribuir para uma reflexão e debate, uma vez que
estão a decorrer na nossa cidade um conjunto de intervenções urbanísticas de fundo,
com o envolvimento expresso da Autarquia, da Comunidade e dos Agentes Culturais.
Porém, considero que não é
tão visível o envolvimento Empresarial, nomeadamente o Sector Comercial, e
constato que:
·
a sociedade de consumo e o comércio nunca
estiveram tão desenvolvidos como estão actualmente;
·
o comércio desenvolveu-se nos últimos anos
com novos agentes que afunilaram a concorrência e alargaram a oferta (grandes
superfícies);
·
o comércio electrónico está em franco desenvolvimento
·
a crise financeira internacional e os seus
reflexos no nosso país levaram a uma diminuição do rendimento disponível das
famílias, estando o consumo a diminuir
·
o comércio tradicional, que está em crise há
mais de 20 anos, não conseguiu responder a estas transformações e foi apunhalado
pelas costas através de politicas de
desenvolvimento urbano seguidas nas últimas 5 décadas.
Considero a actividade
empresarial, assim como a fixação de residentes, estratégias fundamentais para
a revitalização dos centros históricos. Por isso, entendo que deverão ser
criados novos paradigmas que permitam a viabilização de antigos e novos
negócios nestes locais.
Acredito também que cada
empresário deverá usar a sua inteligência e energia para se concentrar efectivamente
no que é importante e estratégico para si, em vez de apresentar razões de
culpabilização e abdicação.
O facto é que quando
pergunto a um comerciante como exerce a sua participação cívica a resposta é que
não tem tempo, e fala da Autarquia e das Associações como sendo Eles (Pronome
pessoal – 3ª pessoa, plural) em vez de eu ou nós (Pronomes pessoais – 1ª
pessoa).
Percebo a apreensão que têm
sobre o presente e o futuro dos seus negócios, culpando o Mercado, o Estado, as
Grandes Superfícies, a Autarquia, a crise, as opções de compra das novas
gerações, pela actual situação.
Considero pois que a primeira atitude é pôr
estes empreendedores a pensar em colectivo e abandonar o “muro das lamentações”
ocasionado pelos infortúnios.
O Comércio Tradicional não
tem as mesmas armas que as grandes superfícies, no entanto deve modernizar a
sua gestão, a sua organização, tornar a actividade mais profissional e fazer
aquilo que é fundamental: estar junto das pessoas para encontrar as suas
necessidades e satisfazê-las.
Existem algumas acções
simples, que não necessitam de grandes investimentos e podem gerar mais
negócios no comércio tradicional, e que têm a ver com a relação personalizada com
os clientes
Os desafios são enormes e há
necessidade de um enorme envolvimento social onde deverão ser alinhados os
objectivos dos Residentes, Autarquia, Empresários, Associações Empresariais e
Culturais.
Sobre o papel de cada uma
destas entidades irei debruçar-me nos próximos três pontos deste artigo.
Um Centro Comercial e Cultural a Céu Aberto –
O Papel da Autarquia
“A
maioria das pessoas não planeia fracassar, fracassa por não planear.”
John L. Beckley
As Autarquias têm um papel
muito importante no desenvolvimento dos centros históricos. A Câmara Municipal
de Torres Vedras está a implementar um processo de mudança com o programa
«Torres ao Centro», assente em processos de reabilitação urbana e criação de espaços pedonais,
integrando espaços sociais e culturais.
Este processo irá
transformar o Centro Histórico. Esta transformação deverá ser orientada para a
promoção do uso e vivência deste espaço. Por isso entendo que há que atrair
novos habitantes, novos negócios, novos visitantes e novas actividades.
Assim, passo a enumerar algumas
acções que poderão atrair as pessoas. Algumas já estão previstas nos planos de
alguns intervenientes.
Assim, por iniciativa das
Autarquias (Câmara e Juntas de Freguesia) é possível:
·
Desenvolver a marca “Torres ao Centro”
·
Criar espaços estacionamentos;
·
Pôr a funcionar transportes adaptados às
condições do local;
·
Incrementar uma política de recuperação de
habitações;
·
Implementar politicas de alojamento de
pessoas nos centros históricos e comercias;
·
Impedir a saída de serviços da Administração
pública e Serviços Públicos das zonas centrais e históricas e
promover a recolocação daqueles que foram de lá retirados;
·
Beneficiar com taxas e impostos municipais
mais reduzidos, quem reside e tem actividade no centro histórico;
·
Apoiar actividades de animação desenvolvidas
no centro;
·
Estabelecer parcerias com Associações
Culturais e Empresariais para a realização de actividades regulares e
calendarizadas de atracção de visitantes
·
Manter a Feira Rural;
·
Facilitar os mecanismos burocráticos e
económicos na implementação de novos negócios;
·
Estudar e promover – com as Associações
Empresariais – espaços dedicados a actividades similares (Ex: zona de
sapatarias, zona de restauração, etc.).
·
Apoiar criação de empresas e serviços de
apoio social e do sector de saúde e bem-estar na zona histórica;
·
Identificar factos de interesse da história
local e promover uma actividade anual no Centro Histórico para trazer mais
pessoas.
·
Fundar – em parceria – uma
«Incubadora de Negócios», para a instalação de novas actividades, como por
exemplo:
o
Negócios de Arte;
o
Negócios nas áreas da Inovação e Design;
o
Negócios Web;
o
Escritórios virtuais;
o
Centros de domiciliação de actividades;
o
Empreendedorismo jovem
(com protocolos com Universidades);
o
Indústria de Serviços que se possa deslocar
para a zona histórica (Bancos, Companhias de Seguros)
Por iniciativa das
Associações Culturais e Empresariais é possível:
·
O envolvimento com a Marca “Torres ao
Centro”;
·
A criação do Cartão “Torres ao Centro” com
benefícios para quem o use no comércio e actividades culturais lá instaladas;
·
O estabelecimento de parcerias com outras
Associações Culturais, Associações Empresarias, Sindicatos, Associações
Sectoriais, e Empresas, a fim de partilharem os processos de comunicação e
marketing e gerarem mais sinergias para trazerem pessoas ao Centro
Histórico.
·
A ligação do sector da cultura com o meio
empresarial para trazer pessoas;
·
O envolvimento com o sector social para
apoiar e trazer mais pessoas;
·
A construção de planos de actividades capazes
de garantir o equilíbrio financeiro das Associações;
·
A implicação do tecido cultural, tendo em
conta as incubadoras de negócios e o empreendedorismo;
·
Os Jovens frequentam o centro histórico de
Torres à noite. É possível atrair jovens durante o dia criando espaços e actividades
para o empreendedorismo jovem;
·
O comprometimento de associações de outras
localidades, gerando intercâmbios;
·
O apoio à autarquia na criação de espaços
dedicados a actividades similares;
Todos sabemos que a gestão
das grandes superfícies são efectuadas de forma profissional e integrada por
uma só entidade ou por uma empresa que gere um condomínio. Tal gestão tem
simplesmente um objectivo: atrair clientes.
Gerir uma cidade,
nomeadamente um Centro Histórico, é deveras mais difícil, pois os intervenientes
têm objectivos muito dispersos e a dificuldade em se concentrarem no essencial
que é trazer cada vez mais pessoas ao Centro!
Considero pois que só haverá
VIDA no «Centro Histórico de Torres Vedras» se houver um alinhamento dos
objectivos de todos intervenientes, orientado estrategicamente para transformar
«Torres ao Centro» num Centro Comercial e Cultural a céu aberto.
O Papel dos Comerciantes e
dos Agentes Culturais
“A
maioria das pessoas não planeia fracassar, fracassa por não planear.” John L. Beckley
Há que planear, sim. Mas há
que pôr mãos à obra, concertando posições, gerindo com sabedoria recursos
financeiros, sensibilizando e convocando para cada problema os sectores e os
agentes respectivos. O Centro Histórico é um mar de problemas acumulados de
todo o tipo, sobretudo económicos e sociais, e não resolúveis numa só geração.
Por isso mesmo é preciso planear, e planear não deixando ninguém de fora.
Caberá naturalmente ao poder político o seu papel próprio e decisivo, porque
nossos legítimos representantes. Mas a comunidade, no seu todo, não deve ficar
alheia, nomeadamente o tecido empresarial e associativo
Na sequência da sistematização anterior em que
foram elencadas algumas acções que ao poder político caberia olhar com atenção
e pensar com firmeza, passo a enumerar um conjunto de sugestões – dirigidas ao
sector cultural e empresarial – que poderão atrair as pessoas ao Centro
Histórico a fim de acelerar a sua regeneração.
Neste sentido, e por
iniciativa das Associações Culturais e Empresariais é possível:
·
O envolvimento com a Marca “Torres ao
Centro”;
·
A criação do Cartão “Torres ao Centro” com
benefícios para quem o use no comércio e actividades culturais lá instaladas;
·
O estabelecimento de parcerias com outras
Associações Culturais, Associações Empresarias, Sindicatos, Associações
Sectoriais, e Empresas, a fim de partilharem os processos de comunicação e
marketing e gerarem mais sinergias para trazerem pessoas ao Centro
Histórico.
·
A ligação do sector da cultura com o meio
empresarial para trazer pessoas;
·
O envolvimento com o sector social para
apoiar e trazer mais pessoas;
·
A construção de planos de actividades capazes
de garantir o equilíbrio financeiro das Associações;
·
A implicação do tecido cultural, tendo em
conta as incubadoras de negócios e o empreendedorismo;
·
Os Jovens frequentam o centro histórico de
Torres à noite. É possível atrair jovens durante o dia criando espaços e
actividades para o empreendedorismo jovem;
·
O comprometimento de associações de outras
localidades, gerando intercâmbios;
·
O apoio à autarquia na criação de espaços
dedicados a actividades similares;
Todos sabemos que a gestão
das grandes superfícies são efectuadas de forma profissional e integrada por
uma só entidade ou por uma empresa que gere um condomínio. Tal gestão tem
simplesmente um objectivo: atrair clientes.
Gerir uma cidade,
nomeadamente um Centro Histórico, é deveras mais difícil, pois os
intervenientes têm objectivos muito dispersos e a dificuldade em se
concentrarem no essencial que é trazer cada vez mais pessoas ao Centro!
Considero pois que só haverá
VIDA no «Centro Histórico de Torres Vedras» se houver um alinhamento dos
objectivos de todos intervenientes, orientado estrategicamente para transformar
«Torres ao Centro» num Centro Comercial e Cultural a céu aberto.
O
Comerciante na Zona Histórica terá de criar um novo paradigma
O Comércio Tradicional não
tem as mesmas armas que as grandes superfícies. No entanto é imperioso
modernizar a sua gestão e a sua organização para tornar a actividade mais
profissional e fazendo aquilo que é fundamental: estar junto das pessoas para ir
encontrar das suas necessidades e satisfações.
Para tal vou indicar 13
pontos que devem ser trabalhados do ponto de vista das competências pessoais e
empresariais, para o crescimento do número de clientes:
1. Implementar uma visão do
negócio e estratégias de médio e longo prazo, efectuando uma previsão dos
rendimentos e encargos, analisando regularmente as vendas e projectando as
compras em função do tipo de clientes.
2. Comunicar de forma
educada com os clientes e exigir que os funcionários tenham uma atitude de
apoio ao cliente que vai comprar. Um sorriso e a criação de empatia são
fundamentais.
3. Ter cuidados especiais
com a loja e ou escritório, pois a imagem é o primeiro cartão de visita. Por
isso a melhoria dos espaços de atendimento, a disciplina na organização,
arrumação e limpeza são muito importantes.
4. O marketing é uma
ferramenta de comunicação e vendas. O marketing não é só publicidade. Uma
mensagem que se queira transmitir ao cliente deverá estar presente, nos meios
de comunicação com os clientes, nos cartazes, sacos, anúncios e reclames, etc.
As mensagens devem ser simples e objectivas para transmitir segurança e
garantia ao cliente. Exemplo: Desde 1958
para o servir. Estamos on-line (indicação de endereço e contactos).
5. Preparar
os seus colaboradores para conseguirem retirar mais resultados:
Lembrar-se que um cliente
insatisfeito comentará a situação dela com amigos, razão por que uma má imagem
esparramar-se-á para além do que você imagina. Por outro lado, se estiver
preparado, juntamente com os seus colaboradores, para vender será mais provável
que o cliente se identifique convosco, e assim compre mais produtos ou
serviços.
Fazer surpresas aos clientes
expondo aprazivelmente os produtos e serviços, e apresentando de forma eficaz
os benefícios e o prazer que o cliente obterá com eles
6. Criar e normalizar
processos de venda para que cada empregado atenda os clientes de mesma maneira
7. Estabelecer parcerias e
complementaridades com outras actividades na mesma zona para criar o hábito de
os clientes se deslocarem às lojas.
8. Criar uma Preposição
Única de Venda, demonstrando a valia dos produtos e serviços e quais os
benefícios que podem trazer aos clientes.
9. Não criticar os seus
concorrentes.
10. Tratar os seus
colaboradores como parceiros, dê-lhes responsabilidades.
12. Estabelecer os preços de
venda em função dos seus propósitos de rendimento e efectuar constantemente uma
análise dos dados contabilísticos.
13. Por fim aprender com os
seus clientes:
·
Identifique os clientes correctamente:
·
Comunique permanentemente com eles;
·
A oferta que faz ao cliente deverá ser útil e
apropriada com horários para os servir;
·
Pense nos interesses do cliente:
·
Fale pouco e escute bem os clientes, faça
perguntas:
·
Tente perceber e entender as objecções do
cliente, pois elas são a principal fonte de aproximação e a forma mais eficaz
de conduzir à venda;
·
Promova a empatia. Aproxime-se emocionalmente
do cliente;
·
Não discuta com o cliente;
·
Implemente um serviço pós venda.
Termino este artigo com uma
frase que me acompanha sempre “Os
empresários são como os atletas, também precisam de treino”.
Torres Vedras, 27 de Julho
de 2012
Armando Fernandes
Business Coach